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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

INTERTEXTUALIDADE

Confira algumas obras que mantêm alguma relação de intertextualidade com a obra Capitães da Areia, de Jorge Amado:
Fonte : http://www.ciadaescola.com.br/_.../obriga_download.asp?...%20Capitaes%20da%20Areia...%20Capitaes%20da%20Areia%20.(Artigo) Jorge Amado-Autoria do resumo e análise: Lígia Rodrigues Balista

Poema "Bandido Negro", de Castro Alves

O texto abaixo é a epígrafe e as duas primeiras estrofes do poema "Bandido Negro" do poeta romântico, também baiano, Castro Alves.


Bandido negro (Castro Alves)
Corre, corre, sangue do cativo
Cai, cai, orvalho de sangue
Germina, cresce, colheita vingadora
A ti, segador a ti. Está madura Aguça tua foice,
Aguça, aguça tua foice.
(E. SUE – ‚Canto dos Filhos de Agar..)
Trema a terra de susto aterrada...
Minha égua veloz, desgrenhada,
Negra, escura nas lapas voou.
Trema o céu ... ó ruína! ó desgraça!
Porque o negro bandido é quem passa,
Porque o negro bandido bradou:
Cai, orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho na face do algoz.
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.
Comentários: Vale ressaltar a proximidade temática (do bandido, do negro, da vingança) entre esse poema e a obra Capitães da Areia. Na narrativa dos jovens excluídos pela sociedade, abandonados à própria sorte não são apenas os negros, outrora escravos (como no poema de Castro Alves), que se levantarão contra essa sociedade burguesa, mas também, os pobres, brancos e mestiços.

Jorge Amado tem grande empatia com esse poeta romântico, sobre quem inclusive escreveu uma biografia romanceada (ABC de Castro Alves), além de colocá-lo como personagem em duas obras.
Há também uma espécie de reivindicação por justiça, que é feita também pelos meninos do trapiche. Por isso o conflito com a ordem estabelecida. Os meninos partem para
fazer justiça com as próprias mãos. Em um plano mais geral, existe o conflito desses jovens com a sociedade, com o status quo, isto é, com a ordem estabelecida. A vingança pode ser então contra alguém em particular (o menino do grupo rival, por exemplo), ou contra todo um setor da sociedade (como é o caso da vingança contra os soldados, por exemplo; ou contra os ricos, de maneira geral).

Música “Meu guri”, de Chico Buarque de Holanda

Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
[...]

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Filmes :

Cidade Baixa
http://amandabraga.files.wordpress.com/2008/09/cidade-baixa-poster01.jpg
(Brasil, 2005; 93 min)

Direção: Sérgio Machado
Elenco: Wagner Moura, Lázaro Ramos, Alice Braga.

Sinopse: Deco e Naldinho se conhecem desde garotos, sendo difícil até mesmo falar em um sem se lembrar do outro. Eles ganham a vida fazendo fretes e aplicando pequenos golpes a bordo de um barco a vapor. Um dia conhecem a stripper Karinna e se envolvem.
Aos poucos, desgastam a relação, chegam a se separar, mas não conseguem ficar sozinhos. Eles se reaproximam e se deparam com um caminho sem volta.

Comentário: Entre as dificuldades de relacionamento, o filme mostra o cotidiano das pessoas dessa região. Fala de pobreza, drogas, prostituição e violência. Pode ser interessante para a ajudar na compreensão de algumas características da vida na Cidade Baixa, em Salvador.


O contador de histórias
http://www.vibemidia.com/wp-content/uploads/2009/07/o-contador-de-historias-12.jpg

(Brasil, 2009; 100 min)
Direção: Luiz Villaça
Elenco: Maria de Medeiros, Daniel Henrique, Paulinho Mendes, Cleiton Santos, Malu Galli.

Sinopse: Baseado em fatos reais. Minas Gerais, anos 70. Nascido numa favela de Belo Horizonte, desde os 6 anos, Roberto Carlos Ramos já demonstra enorme talento para contar histórias. Caçula de dez irmãos e morador de favela, é o escolhido por sua mãe para ir viver numa nova instituição anunciada pelo governo como uma oportunidade para aqueles que viviam na pobreza.

Comentário: filme de recente produção brasileira, que, apesar de não tratar da região da Bahia, discute muitos dos mesmos temas que aparecem em Capitães da Areia, como o relacionamento entre meninos de rua, a dificuldade de se inserirem dignamente na sociedade e principalmente as condições ruins enfrentadas por eles nas instituições que deveriam ser ‚de educação. Pode ser interessante para a compreensão de como se organizam essas instituições e como as crianças que passam por elas as veem. Talvez também seja interessante para pensar na organização de outros grupos de menores, diferentes dos Capitães em alguns aspectos, mas muito próximos em outros.

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