Blog Educacional - Este Blog é resultado do Trabalho Colaborativo entre as alunas do 6° Período de Letras da FAFIMA - Macaé.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
AINDA HOJE CAPITÃES DA AREIA
Na época em que o livro foi escrito o autor narrava histórias de meninos abandonados que viviam à margem da sociedade, que eram temidos como se fossem homens muito perigosos, mas, que, além de tudo tinham sentimentos, sonhos, desejos... E hoje ainda há Capitães da Areia? Quem são eles? Onde vivem? O que fazem? Como são tratados?
Tantas perguntas e uma certeza: hoje ainda temos Capitães da Areia e não só abandonados. Na sociedade em que vivemos hoje podemos reconhecer muitos Pedros-Bala, Professores, Sem-Pernas, Pirulitos...
Infelizmente a época é outra, a evolução global é rápida, mas o problema continua o mesmo, porém com uma diferença considerável: muitos tem pai, mãe, irmãos, “família”, estudam e até trabalham.
A sociedade mudou em relação àquela época e com ela os requisitos para ser Capitão da Areia. Quantas crianças e jovens vivem “abandonados” no meio da própria família ( e nem sempre a famílía é pobre), quantas mães trocam o zelo, o cuidado e o carinho para com seus filhos por outros prazeres, outras razões injustificáveis.
Há ainda as mães que os abandonam para que tenham uma vida melhor, pena que nem sempre isso dá certo.
E aquelas que os filhos abandonam para fugir das surras, para viver nas drogas...?
Se quisermos conhecer melhor os “nossos Capitães da Areia”, de hoje basta ligar a TV e assistir ao noticiário da noite ou àquele documentário que a TV mostra orgulhosa de ter feito um trabalho bem feito, “ verdade nua e crua”, mas que se esquece de fazer e incentivar a população a fazer alguma coisa.
Tem também os Capitães da Areia do nosso bairro ou da nossa cidade, aqueles que, POR EXEMPLO, começam cedo sua vida no tráfico, no roubo e que não conseguem deixar essa vida porque todos tem medo, ninguém quer “problema” ou até porque ninguém se aproxima deles.
Mas não podemos esquecer daqueles que consideramos Capitão da Areia, como por exemplo, quando a gente passa na rua e vê crianças catando papelão, já sujas do trabalho árduo, com o rosto sofrido de pequenos homens que não podem brincar se quiserem comer e que a gente passa vê, se compadece por um instante e não chega perto porque tem medo de ser mais m “trombadinha”.
Parece que , na verdade, o problema dos Capitães da Areia continua o mesmo, claro que com alguns aperfeiçoamentos que o tempo e as pessoas trataram de fazer esquecendo-se que esses meninos não são apenas abandonados, sozinhos, “ladrões”, SÃO PESSOAS, tem sentimentos, sonham desejam, sentem falta de gente ao seu lado, de conforto, de amor.
Mas e você já encontrou um Capitão da Areia hoje???
POR MÁRCIA VILELA
Intertextualidade
CRIANÇAS BOAZINHAS VÃO PARA O CÉU AS MÁS VÃO À LUTA
“O que ele queria era felicidade, era alegria, era fugir de toda aquela miséria, de toda aquela desgraça que os cercava e os estrangulava. Havia, é verdade, a grande liberdade das ruas. Mas havia o abandono de qualquer carinho, a falta de todas as palavras boas.”
O texto acima nos remete ao livro de Jorge Amado, Capitães da areia, publicado em 1937, ao filme de François Truffat, Os incompreendidos, exibido em 1959, e a realidade vivida e sentida por centenas de crianças de rua, nos dias de hoje. Será que o leitor tem idéia de onde vem esse texto? Quando ele foi escrito? Está certo quem optou por Capitães da areia, apesar de parece surreal que na década de 30, nosso grande escritor, consiga falar uma realidade atual e principalmente universal. Menores abandonados? Moleques? Excluídos? Pivetes? Trombadinhas? Vagabundos? Incompreendidos? Malandros? Ladrões? Perigosos?... Tantos nomes por apenas uma condição social, a de serem abandonadas, rejeitadas, sem escolhas essas crianças vivem em um mundo paralelo a realidade, um submundo, que lhes dá garantia de “vida”, ou melhor, lhes dá garantia de sobrevivência, pois essas crianças não vivem, somente sobrevivem. Roubar, extorquir, enganar, machucar e até mesmo matar são a rotina desses infelizes. Vivem com suas próprias leis, regras, seus próprios desafios, seus próprios medos, aonde a violência, a fome, a discriminação, a promiscuidade, o homossexualismo, a mentira invadem suas infâncias, sem o menor constrangimento, a dignidade lhes é arrancada muito cedo, o medo lhes é parceiro do dia-dia, a revolta uma constante martelada, a luta pela sobrevivência, um risco diário e a ausência de carinho, uma dolorosa verdade. Sem referências essas crianças vivem a margem de uma sociedade que as desprezam. Sem opções, são tratados como ladrões e acabam se tornando até mesmo assassinos. Porém em todos, sem exceção, existe a angústia da ausência de um lar, de ter alguém que dê colo, um carinho, um beijo se quer. Em Capitães da areia, que de tão atual, chega a ser assustador, vemos a luta pela sobrevivência de um grupo de crianças baianas, liderados por Pedro Bala nas ruas desde os cinco anos, cuja agilidade sugerida pelo apelido, merece especial atenção, vemos Volta Seca, um menor mulato sertanejo, que viera da caatinga, tinha ódio das autoridades e sonhava se tornar cangaceiro tinha como ídolo, Lampião, o que não difere dos atuais “Voltas Secas” que tem ódio das autoridades, sonham se tornar traficantes e tem como ídolos, Marcola, Fernandinho Beira Mar, as histórias se repetem. A figura feminina mais expressiva do livro, é Dora que acaba sendo o único referencial feminino, tornando-se assim mãe para uns, irmã para outros e mulher, para Pedro Bala. François Truffat, diretor de Os incompreendidos, respondeu em uma entrevista o sentimento real não só do personagem, Antoine, mas o sentimento em que viviam as crianças de Jorge Amado e o sentimento em que vivem as crianças de rua atualmente. “– Fico muito surpreso quando me dizem que se trata da solidão de uma criança. É exatamente isso o que eu queria.” (Eduardo Veras, Agência RBS) No filme, vemos Antoine, um menino de 14 anos que apesar de ter família não se sente querido, amado ou recebe qualquer carinho, ao contrário, mãe, padastro, professor, o tratam com desprezo, chamando-o sempre de mentiroso fazendo assim com que ele encontre nas ruas um refúgio. O tempo passa, mas a condição continua a mesma. Sabemos que essa é exatamente a condição de muitas crianças de rua. Podemos perceber com isso que em qualquer época, em qualquer lugar, sem amor, sem fraternidade, sem carinho não se constrói cidadãos, são construídos... menores abandonados? Moleques? Excluídos? Pivetes? Trombadinhas? Vagabundos? Incompreendidos? Malandros? Ladrões? Perigosos?
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Fatos e Dados
No mês em que se lembra o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão (4 de junho), dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam para um horizonte desanimador no combate à violência infantil. De hora em hora uma criança morre torturada, queimada ou espancada pelos próprios pais em todo o mundo.
No Brasil, a violência dentro de casa é a que mais vitima crianças e adolescentes. De acordo com a Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância, 12% das 55,6 milhões de crianças brasileiras menores de 14 anos são vítimas anualmente de alguma forma de violência doméstica. Em média, 18 mil crianças são agredidas por dia, 750 violentadas por hora e 12 vítimas de agressão por minuto.
As mais afetadas são meninas entre sete e 14 anos, que sofrem principalmente de abuso sexual. Já a violência física atinge tanto os meninos quanto as meninas. Além da agressão corporal, o abandono, a negligência e a violência psicológica também fazem centenas de vítimas todos os dias nas famílias brasileiras.
Segundo a psicóloga do Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami) Jaqueline Soares Magalhães Maio, a questão cultural é a que mais se relaciona com a violência infantil. Para ela, a cultura da família brasileira possibilita que os pais se excedam sobre o filho com total isenção e com a prerrogativa de educar.
“A gente ainda tem aquela cultura de que o pai e a mãe são proprietários do filho e podem fazer com ele o que bem entenderem, porque os próprios pais foram educados assim. Se o filho faz alguma coisa errada, apanha. E o que começa apenas com um tapinha vai evoluindo para uma cintada, até chegar num espancamento”, disse.
Entre os principais fatores geradores de violência física doméstica, de acordo com a Sociedade Internacional, está a crença dos pais na punição corporal dos filhos como método educativo; a visão das crianças e adolescentes como objetos de sua propriedade e não como um sujeito de direitos; a baixa resistência ao estresse por parte do agressor, que desconta o cansaço e os problemas pessoais nos filhos; o uso de drogas e o abuso de álcool e problema psicológicos e psiquiátricos.
Segundo o Unicef, os agressores mais comuns são, em sua maioria, os pais biológicos, que respondem por 70% das agressões deflagradas contra as crianças. O cônjuge que mais agride os filhos é a mãe, até mesmo por passar boa parte do tempo com eles. Entretanto, as lesões mais graves são causadas pelo pai, por conta da força física.
Cumplicidade
Em vigor desde julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente tem como principais objetivos prevenir a agressão e amparar as crianças vítimas de violência. Em seu artigo 5º, o documento condena a omissão: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração ou violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais”.
“Se você se omite, também está indo contra o direito da criança e do adolescente, que é o caso de uma mãe cúmplice ou de um profissional que não denuncia”, explicou a psicóloga Jaqueline. Segundo ela, muitas mães concordam com o uso da força na educação do filho porque acham que o pai pode educar do jeito que quiser. “Muitas vezes a própria mãe é vítima [do marido] e fica na mesma condição da criança. Ela sofre ameaças e fica nessa posição de submissão. No caso de abuso sexual, tem mãe que sabe que o pai molesta o filho, mas finge que não [vê] porque não sabe lidar com a situação”, afirmou.
Para a psicóloga e professora em Pós-Graduação em Psicologia da Saúde na Universidade Metodista de São Paulo, Marília Vizzotto, a melhor forma de combater a violência infantil é a prevenção. “Acredito muito mais na prevenção porque abarca cuidados maternos, amamentação e cuidados com a criança na escola para que ela tenha uma boa educação”, disse.
Em caso de violência, o melhor procedimento a se tomar, segundo Marília, é a mãe, a professora ou os vizinhos procurarem o Conselho Tutelar ou a Delegacia da Mulher, que já sabem lidar com esse tipo de ocorrência. Entretanto, completa Marília, “a maioria das crianças agredidas não chega ao Conselho ou às delegacias”. Segundo ela, “as mães dão mil desculpas, mas não levam os filhos”.
Fabio Leite (site http://www.metodista.br/cidadania/numero-21/)
De acordo com o artigo 70 do Estatuto da Criança e do Adolescente “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e adolescente”. Nesta missão, todos estão incluídos: Governo e sociedade.
Esta ação preventiva e de combate à violência infantil, no entanto, é feita, na maioria dos casos, por Organizações não-governamentais. Em São Bernardo do Campo, a ONG Projeto Meninos e Meninas de Rua existe desde 1983 para atender crianças e adolescentes que vivem “em situação de rua”, como gosta de observar a coordenadora do projeto em São Bernardo, Cidinéia Bueno Mariano.
O projeto surgiu para denunciar um grupo de extermínio de crianças que havia no centro da cidade. Na época, uma equipe de pessoas vinculadas à Pastoral do Menor, que reunia as igrejas Católica, Metodista e Presbiteriana Independente, resolveu ir às ruas para atender e proteger os meninos e meninas executados por matadores, contratados por comerciantes da região para intimidar adolescentes que praticavam pequenos roubos.
Em 1986, foi criado o Restaurante Comunitário, que oferecia refeições aos jovens, a horta comunitária e diversas outras atividades. Em 1990, a ONG lutou e ajudou a escrever o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Segundo Cidinéia, hoje o projeto presta atendimento para crianças e adolescentes em situação de rua, organiza os jovens moradores dos bairros periféricos, com o apoio de suas famílias, e promove a inclusão social. “Nós visamos sempre o retorno das crianças e dos adolescentes às suas famílias”, conta.
Os jovens atendidos são tanto aqueles que vivem na rua, pois não têm família ou não podem voltar para casa, quanto àqueles que “trabalham” na rua, como flanelinhas, engraxates, vendedores de bala e outros serviços.
“Ninguém é filho da rua. Então, primeiro tentamos que voltem para casa, trabalhando tanto com os jovens quanto com suas famílias. Se não der, procuramos outro lugar. Apenas, em último caso, eles são encaminhados para abrigos”, disse Cidinéia. De acordo com dados do último trimestre, foram atendidos no centro de São Bernardo cerca de 85 crianças e adolescentes que moram nas ruas e 189 que trabalham. As famílias também são atendidas. No mesmo período, 171 famílias foram ajudadas ou orientadas pela ONG.
Entre os atendimentos prestados estão apoio escolar, médico, oficina de teatro, dança, música e esporte. Para conseguir ajudar os adolescentes e manter os projetos, a ONG tem convênio com a Fundação Criança, da Prefeitura de São Bernardo, além de diversas outras instituições que ajudam o Projeto. A Universidade Metodista de São Paulo, por exemplo, ofereceu em março deste ano, um curso básico de informática para cerca de 75 jovens do projeto.
Outra ação é o bloco carnavalesco “Eu Reconheço o Estatuto da Criança e do Adolescente” (Eureca), existente há 15 anos, que conta com cerca de 3.500 jovens e educa a comunidade, com a divulgação de princípios cidadãos.
O Projeto Meninos e Meninas de Rua atua também em Guarulhos (SP), onde promove ações semelhantes com as crianças e adolescentes de rua da cidade.
Thiago Varella (site http://www.metodista.br/cidadania/numero-21/)
Uma pequena avaliação da obra
A narrativa se desenrola no Trapiche (hoje Solar do Unhão e o Museu de Arte Moderna); no Terreiro de Jesus (na época era lugar de destaque comercial de Salvador); onde os meninos circulavam na esperança de conseguirem dinheiro e comida devido ao trânsito de pessoas que trabalhavam lá e passavam por lá; no Corredor da Vitória área nobre de Salvador, local visado pelo grupo porque lá habitavam as pessoas da alta sociedade baiana.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Clipe sobre o estatuto da infância e adolescência
Infância
Este acabou registrando o garoto com o seu sobrenome. Foi o período mais difícil da infância de Truffaut. Rechaçado tanto pelo pai adotivo quanto pela mãe, seu espírito rebelde transformou-o em um mau aluno na escola e induziu-o a cometer alguns atos de deliquência, como pequenos furtos. Esta fase de convívio com os pais inspiraria Truffaut em seu primeiro trabalho cinematográfico, o autobiográfico Os Incompreendidos/Os 400 golpes.
Naquele tempo, François Truffaut costumava matar aula para assistir a muitos filmes secretamente, muitas vezes com o colega de classe Robert Lachenay, seu grande amigo na infância. Aos 14, Truffaut abandonou a escola definitivamente e passou a viver de pequenos trabalhos e alguns furtos. A paixão pelo cinema fez o jovem Truffaut fundar, em 1947, um cine-clube, chamado "Cercle cinémane". Aquela era uma época de enorme efervencência cultural na França pós-II Guerra Mundial, e os cineclubes, lotados, eram o local para se assistir às projeções e discuti-las depois. Mas o "Cercle" não teria vida longa, já que ele concorria com o"Travail et culture", cine-clube do escritor e crítico de cinema André Bazin. Bazin soube que o "Cercle" estava à beira da falência e foi conhecer Truffaut. Sensibilizado com o menino cinéfilo, o crítico tornar-se-ia uma espécie de "pai" para François.
A influência de Bazin na vida de François Truffaut foi decisiva. O jovem tornou-se autodidata, esforçando-se para ver três filmes por dia e ler três livros por semana. Ele até chegou a fazer um acordo com o pai adotivo, que lhe custearia despesas derivadas de sua vida cinéfila.
Em troca, Roland Truffaut exigiu que François arrumasse um emprego estável e abandonasse o seu cine-clube de vez. Mas o garoto descumpriu o acordo, e Roland Truffaut internou-o em um reformatório juvenil de Villejuif, e passou sua custódia para a polícia. Os psicólogos do reformatório contactaram Andre Bazin, que prometeu dar um emprego a François no "Travail et culture". Sob liberdade condicional, Truffaut foi internado em um lar religioso de Versailles, mas seis meses depois foi expulso por mau.
(pt.wikipedia.org/wiki/François_Truffaut)
AÇÕES CONTRA AS DESIGUALDADES SOCIAIS
http://ongmds.blogspot.com/
ACÕES NACIONAIS
Ministério do Desenvovimento Social e combate a Fome - MDS
http://www.mds.gov.br/
AÇÕES INTERNACIONAIS
UNICEF
http://www.unicef.org/brazil/pt/
Liberdade
De um inicio atribulado a uma carreia de sucessos , assim se resume a crônica de Capitães da Areia , hoje uma das obras mais apreciadas por seus leitores tanto no Brasil quanto no exterior.Publicada em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, o livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura . Mas como Fênix , ressurgiu das cinzas quando a nova ediçao em 1944 marcou época na vida literária barsileira . A partir de então sucederam-se as ediçoes ,nacionais em idiomas estrangeiros , e as adptações para rádio , teatro e cinema . Patético documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em paginas carregadas de uma beleza, dramaticidade e lirismo poucas vezes igualadas na literatura universal.Dividido em três partes o livro atinge o clímax inesquecível no capítulo"Canção da Bahia, Canção da Liberdade "em que é narrado a emocionante despedida de um dos personagens da história , marcante criação do autor , que se afasta dos seus queridos Capitães da Areia " na noite misteriosa das macumbas , enquanto os atabaques ressoam como clarins de guerra" (Jorge Amado 1912-2001.Capitães da Areia romance ; ilustraçoes.115 edição Rio de Janeiro.Record , 2004)
domingo, 31 de outubro de 2010
Uma pequena análise intertextual entre o livro "Os capitães da Areia" e o filme "Os Esquecidos"
RESUMO DO ENREDO DO FILME "OS ESQUECIDOS"
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
INTERTEXTUALIDADE
Fonte : http://www.ciadaescola.com.br/_.../obriga_download.asp?...%20Capitaes%20da%20Areia...%20Capitaes%20da%20Areia%20.(Artigo) Jorge Amado-Autoria do resumo e análise: Lígia Rodrigues Balista
Poema "Bandido Negro", de Castro Alves
O texto abaixo é a epígrafe e as duas primeiras estrofes do poema "Bandido Negro" do poeta romântico, também baiano, Castro Alves.
Jorge Amado tem grande empatia com esse poeta romântico, sobre quem inclusive escreveu uma biografia romanceada (ABC de Castro Alves), além de colocá-lo como personagem em duas obras.
Há também uma espécie de reivindicação por justiça, que é feita também pelos meninos do trapiche. Por isso o conflito com a ordem estabelecida. Os meninos partem para
fazer justiça com as próprias mãos. Em um plano mais geral, existe o conflito desses jovens com a sociedade, com o status quo, isto é, com a ordem estabelecida. A vingança pode ser então contra alguém em particular (o menino do grupo rival, por exemplo), ou contra todo um setor da sociedade (como é o caso da vingança contra os soldados, por exemplo; ou contra os ricos, de maneira geral).
Música “Meu guri”, de Chico Buarque de Holanda
Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
[...]
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Filmes :
Cidade Baixa
http://amandabraga.files.wordpress.com/2008/09/cidade-baixa-poster01.jpg
(Brasil, 2005; 93 min)
Direção: Sérgio Machado
Elenco: Wagner Moura, Lázaro Ramos, Alice Braga.
Sinopse: Deco e Naldinho se conhecem desde garotos, sendo difícil até mesmo falar em um sem se lembrar do outro. Eles ganham a vida fazendo fretes e aplicando pequenos golpes a bordo de um barco a vapor. Um dia conhecem a stripper Karinna e se envolvem.
Comentário: Entre as dificuldades de relacionamento, o filme mostra o cotidiano das pessoas dessa região. Fala de pobreza, drogas, prostituição e violência. Pode ser interessante para a ajudar na compreensão de algumas características da vida na Cidade Baixa, em Salvador.
O contador de histórias
http://www.vibemidia.com/wp-content/uploads/2009/07/o-contador-de-historias-12.jpg
(Brasil, 2009; 100 min)
Direção: Luiz Villaça
Elenco: Maria de Medeiros, Daniel Henrique, Paulinho Mendes, Cleiton Santos, Malu Galli.
Sinopse: Baseado em fatos reais. Minas Gerais, anos 70. Nascido numa favela de Belo Horizonte, desde os 6 anos, Roberto Carlos Ramos já demonstra enorme talento para contar histórias. Caçula de dez irmãos e morador de favela, é o escolhido por sua mãe para ir viver numa nova instituição anunciada pelo governo como uma oportunidade para aqueles que viviam na pobreza.
Comentário: filme de recente produção brasileira, que, apesar de não tratar da região da Bahia, discute muitos dos mesmos temas que aparecem em Capitães da Areia, como o relacionamento entre meninos de rua, a dificuldade de se inserirem dignamente na sociedade e principalmente as condições ruins enfrentadas por eles nas instituições que deveriam ser ‚de educação. Pode ser interessante para a compreensão de como se organizam essas instituições e como as crianças que passam por elas as veem. Talvez também seja interessante para pensar na organização de outros grupos de menores, diferentes dos Capitães em alguns aspectos, mas muito próximos em outros.
RESUMO DA BIOGRAFIA DE JORGE AMADO
Nascido em Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912, Jorge Amado passou a infância na cidade de Ilhéus, onde presenciou a luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, inspiração para vários de seus livros. A partir de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, começou a estudar direito e a lançar romances. As obras eram marcadas pelo realismo socialista: se passavam nas plantações de cacau do sul da Bahia ou na cidade de Salvador e mostravam os conflitos e as injustiças sociais. ‘O país do carnaval’ (1932), ‘Cacau’ (1933), ‘Suor’ (1934), ‘Jubiabá’ (1935), ‘Mar morto’(1936), ‘Capitães de areia’ (1937), ‘Terras do sem fim’ (1942), ‘São Jorge dos Ilhéus’ (1944) e ‘Os subterrâneos da liberdade’ (1952) fazem parte da leva. Nessa primeira fase, seus livros eram considerados documentários dos problemas brasileiros causados pela transição de uma sociedade agrária para industrial.Eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro em 1945, teve seu mandato cassado como os de todos os membros da mesma agremiação. Viajou então pela Europa e pela Ásia e voltou ao país em 1952. Quatro anos mais tarde, fundou o semanário ‘Para todos’, sendo eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961.A segunda fase de sua obra começou com o lançamento de ‘Gabriela, cravo e canela’, em 1958. Seus textos passaram a se caracterizar pelas sátiras e pelo humor. Nela ainda foram publicados sucessos como ‘Dona Flor e seus dois maridos’ (1966), ‘Tenda dos milagres’ (1969), ‘Teresa Batista cansada de guerra’ (1973) e ‘Tieta do Agreste’ (1977), entre outros. Jorge Amado escreveu ainda ‘O mundo da paz’ (1950), um relato de viagem, ‘Bahia de todos os santos’ (1945), um guia da cidade de Salvador, ‘O cavaleiro da esperança’ (1945), a história de Luis Carlos Prestes, e ‘ABC de Castro Alves’ (1941), uma biografia de Castro Alves. Aos oitenta anos de idade, em 1992, publicou ‘Navegação de cabotagem’, um romance autobiográfico. Vários de seus trabalhos foram adaptados para rádio, cinema e televisão e foram traduzidos para mais de trinta idiomas, o que lhe rendeu inúmeros prêmios. Em 1979, casou-se com a também escritora Zélia Gattai. O escritor publicou inúmeras obras: 25 romances; dois livros de memórias, duas biografias, duas histórias infantis e uma infinidade de outros trabalhos, entre contos, crônicas e poesias. Faleceu em Salvador no dia 6 de agosto de 2001.
ENTREVISTA DE JORGE AMADO A CLARICE LISPECTOR
JORGE AMADO
"O público é que tem compromisso comigo, e não eu com ele."
Infelizmente na época não pude visitar Jorge Amado em sua casa em Salvador, Bahia, que dizem ser uma casa bela e singular: é que Jorge já estava há dois meses no sítio do tapeceiro Genaro de Carvalho, tendo como companhia única sua esposa Zélia. No sítio, a uns vinte quilômetros de Salvador, Jorge podia esquivar-se a visitas, pois estas, mesmo que simpáticas, o impediriam de trabalhar. No meio de uma chuva torrencial fui ao sítio, tendo tido o trabalho prévio de avisá-lo e de perguntar-lhe se me daria uma entrevista. Lá fui recebida pelo casal com um refresco de mangaba.
Que é que você está escrevendo agora, Jorge?
Um novo romance, que trata ao mesmo tempo da vida popular baiana e da vida de setores da pequena burguesia, da intelectualidade. O livro tem dois espaços e dois tempos: um tempo pretérito, quando o personagem é apresentado numa série de acontecimentos de sua vida – entre 1868 e 1943, quando morre – e essa é a parte fundamental do romance; um tempo atual, 1968, quando o centenário de nascimento do personagem é comemorado com grandes festejos. Teremos, assim, duas faces de Pedro Archanjo – a ‚pura. e a impura –, uma espécie de pequeno escritor – ou sociólogo, talvez poeta – desconhecido. Não tenho ainda título definitivo para o livro, que poderá se intitular Meu bom.
Qual é o seu método de produção?
Parto, em geral, de uma ideia, de um fato, de uma impressão ou emoção. Durante anos esse ponto de partida vive dentro de mim, de repente se afirma, começo a ver personagens e ambientes. A história vem na máquina de escrever.
Você se inspira em fatos reais ou os imagina?
As duas coisas: parto de minha experiência de vida para a criação. Invento muito, mas nunca invento no ar, minha inventiva tem sempre algo em que se apoiar.
Você está rico com os seus livros?
Não creio que livro enriqueça ninguém no Brasil, a não ser a editores (todos que conheço estão ricos) e a livreiros. Sou pobre, felizmente, mas ganho com meus livros o suficiente para viver vida modesta e digna com minha família. Escritor profissional, vivo exclusivamente dos direitos autorais de meus livros – escrevo pouquíssimo e cada vez menos para revistas e jornais, e essa rara colaboração não pesa sequer no meu orçamento.
Faça uma crítica de seus próprios livros.
São os livros que eu posso fazer. Busco fazê-los o melhor que posso. São rudes, sem finuras nem filigranas de beleza; são, por vezes, ingênuos, sem profundezas psicológicas e sem angústias universais; são pobres de linguagem e muitíssima coisa mais. São livros simples de um contador de história da Bahia.
Você gostaria de escrever diferente ou está comprometido demais com o seu público?
Eu escrevo como me agrada; não há escritor mais livre neste país. Não tenho compromissos senão comigo mesmo: nem com modas, nem com escolas, nem com circunstâncias, nem com academias, nem com editores, nada. Tenho um único compromisso: com o povo – e não é demagogia, sou o antidemagogo. Com o povo, porque creio que meu dever de escritor é servi-la. Quanto ao público, é ele que tem compromisso comigo e não eu com ele.
Desde que idade você escreve?
– Desde muito tempo. Com 15 anos, ou 16, já fazia parte de grupos de jovens literatos em Salvador. Aos 18 anos escrevi o primeiro romance, publicado no ano seguinte.
Quando você esta escrevendo, espera pela inspiração ou trabalha com disciplina, tantas e tantas horas por dia?
Inspiração? Inspiração para mim é a ideia, é o amadurecimento interior – eu prefiro a palavra vocação: você nasce ou não para escrever, e acabou. O trabalho só não basta. Mas o trabalho é essencial, fundamental e deve ser disciplinado. Levo anos sem fazer nada – quero dizer, sem estar na máquina a bater as páginas de um livro: durante esse tempo estou concebendo a ideia do romance – a isso chamo de inspiração. Depois vou para a máquina e trabalho com muita disciplina, 'tantas e tantas horas'. No momento, por exemplo, acordo às 5 da manhã, antes das 6 já estou na máquina e trabalho até as 13 horas. Almoço, descanso, atendo minha secretária, às 17 volto ao trabalho até as 19, exceto aos sábados e domingos, quando não cumpro o horário das 17 às 19 horas e passo a tarde jogando pôquer ou conversando com amigos.
Você é um homem feliz e realizado, Jorge?
Sou, creio, um homem a quem a vida muito tem dado, mais do que mereço. Tenho alegria de viver, amo a vida e sempre a vivi ardentemente. Sou feliz com minha mulher, Zélia, e meu casal de filhos: João, com suas barbas e seu teatro; Paloma, com seu dengue e seu Garcia Lorca. Minha mulher é leal companheira. Tenho mãe viva, de 86 anos, Lalu, poderosa figura. Tenho dois irmãos que são amigos fiéis – um deles, James, é o bom escritor da família, em minha opinião. Tenho amigos excelentes; a amizade é o bem da vida. Vivo muito com meus
amigos. Quanto a ser realizado, penso que o escritor que um dia se considere realizado, se não for um idiota (e deve ser) tem o dever de deixar de escrever, pois já se realizou.
Disseram-me que ninguém passa por Salvador sem querer conversar com você – é verdade?
Vem muita gente à minha casa, o que é, ao mesmo tempo, simpático e maçante, às vezes. Em certas ocasiões, é demais. Agora mesmo, para trabalhar, tive de vir para o sítio de Genaro de Carvalho, nosso mestre tapeceiro.
Você é tão hábil em escrever, que se lhe dessem um tema você aceitaria? Ou o tema tem que nascer de você mesmo?
Nunca aceitei encomenda nem penso em aceitá-las. Apenas uma vez deram-me um tema: conto destinado para um livro Os Dez Mandamentos, onde colaboram mais nove autores. O editor deu-me o tema para a história e eu aceitei escrevê-la. E a encomenda, pois cumpro meus compromissos, foi uma das piores coisas que escrevi. Sou um escritor profissional, porque escrever livros é minha profissão, e não um hobby, um bico ou uma 'ocupação fundamental...' de fim de semana. Sou, assim, um escritor comercial. Escrevendo meu quarto livro num espaço de tempo de 12 anos, ou seja, em média um livro de quatro em quatro anos. Quisesse eu escrever para ganhar dinheiro e, com o público que possuo, era livro de seis em seis meses, sobretudo se sou realmente 'hábil' como você diz. Só escrevo aquilo que nasce e cresce dentro de mim.
Quem é o escritor brasileiro do passado que você mais admira?
Não posso citar um, impossível, não há um acima de três ou quatro. Digamos quatro poetas: Castro Alves, Gregório de Matos, Gonçalves Dias e Augusto dos Anjos. Digamos os romancistas Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar, Aluísio de Azevedo e Machado de Assis.
Qual foi o fato mais importante de sua vida, Jorge?
Vários fatos foram importantes e várias pessoas. O padre Cabral, por exemplo, que, no internato dos jesuítas, declarou em aula que eu seria fatalmente escritor, quisesse ou não.
Você está de algum modo ligado a alguma religião? Nunca teve uma experiência mística?
Não sou religioso, não possuo crença religiosa alguma, sou materialista. Não tive experiências místicas, mas tenho assistido a muita mágica, sou supersticioso e acredito em milagres, a vida é feita de acontecimentos comuns e de milagres. Não sendo religioso, detenho um alto título no candomblé baiano, sou Obá Otum Arolu, um dos 36 obás. Distinção que os meus amigos do candomblé me conferiram e que muito me honra.
Você costuma ler as traduções que fazem de seus livros? Porque eu, por exemplo, jamais leio para me poupar a raiva.
Prefiro as traduções em língua que não posso ler. Nas outras você descobre erros e se chateia. É assim ou não com você?
Exatamente assim: fiquei contente com dois de meus livros traduzidos. O que mais diverte você? Você tem algum hobby?
Quem não tem um hobby? Jogo meu pôquer, adoro meus gatos, meu jardim que é quase uma floresta. Leio romances policiais quando estou escrevendo.
Você já escreveu poesia? É melhor confessar.
Da pior espécie possível, mas felizmente pouquíssima e inédita.
A que atribui o sucesso enorme de seus livros?
Atribuo à qualidade brasileira; a estar do lado do povo; a transmitir esperança e não desesperança.
Que é que você gostaria de ter sido e não foi?
Não creio que prestasse em profissão nenhuma. Tenho grande tendência a não fazer nada que seja obrigação.
Você escreve muito sobre o amor. O que é amor?
É a própria vida, é o melhor da vida, tudo. No amor não sou profano, aí não. Sou sectário.
Qual de seus personagens é mais você mesmo?
Todos os personagens têm um pouco do autor, não é assim, Clarice?
É assim, Jorge. Alguns acusam você de superficialidade nos últimos livros. Que é que você acha disso?
Os primeiros são, a meu ver, mais superficiais.
Voltemos ao assunto da tradução. Em quantos países você foi traduzido?
Até agora em 33 línguas, algumas realmente distantes, como o vietnamita, o persa, o mongol. Fui publicado, não contando o Brasil, em 38 países. Algumas traduções em inglês têm edições dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Canadá, em alemão, nas duas Alemanhas, na Áustria, na Suíça. Aliás, com as edições portuguesas, a soma se eleva a 39 países.
Capa: Alemanha Argentina Croácia Espanha
Qual ou quais são as cidades aonde a atmosfera conduz um artista a criar mais e melhor?
Penso que existem duas cidades feitas à medida do homem, cidades que não são, ainda e somente, campos de trabalho: Salvador da Bahia de Todos os Santos e Paris.
Aqui, em Salvador, eu realmente senti que poderia escrever mais e melhor. Mas o Rio de Janeiro, com o seu ar poluído, não é nada mau, Jorge. Coloca-nos frente a frente com condições adversas e também dessa luta nasce o escritor. É verdade que muitos escritores que moram no Rio são saudosistas de seus estados e têm nostalgia da província. Talvez.
(In: LISPECTOR, Clarice. De corpo inteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 11-16.)
MODERNISMO E JORGE AMADO
Consta que o livro foi censurado e que se queimaram cerca de mil exemplares em praça pública, em Salvador. Somente em 1944 a obra é reeditada e volta às livrarias, tendo, desde então, muitas edições em português e em outros idiomas.
O Jornal de Salvador de 1937 noticiou a queima dos livros de Jorge Amado pela polícia do Estado Novo em matéria intitulada: “Incinerados vários livros considerados propagandistas do credo vermelho”. A notícia explica que os livros de Jorge Amado e de José Lins do rego foram os mais atingidos na apreensão, que incinerou livros “julgados como simpatizantes do credo comunista”, com termo oficial datado de 19 de novembro de 1937. 9 Alfredo Bosi indica que Capitães da Areia veio após um primeiro momento de consolidação da fórmula do “romance proletário”, em que o autor trabalha já com depoimentos líricos em torno de amores marinheiros. Chama essa fase de “ciclo de romances urbanos de Salvador”.
Este livro foi, assim, escrito na chamada primeira fase da carreira de Jorge Amado, na qual se notam grandes preocupações sociais (com denúncia da miséria e da opressão das classes populares). Os Capitães da Areia são heróis no ‚estilo Robin Hood.As autoridades e o clero são retratados como opressores, cruéis e responsáveis pelos males (Padre José Pedro é, de certa forma, uma exceção). Há, ao longo da narrativa, um aumento de consciência sobre a situação geral do país e em particular daqueles meninos, num encaminhamento para a luta política.
É um livro que, de certa forma, rompe com questões do romance tradicional, sendo, junto com outros dessa fase de Jorge Amado, um romance de denúncia social, que retrata o
amor proletário entre Dora e Pedro Bala. É considerado um romance lírico-revolucionário, que expressa o desejo por uma sociedade igualitária.
Pode-se observar então que existe adesão aos humildes e distanciamento dos prepotentes na escolha da voz narrativa.
Há também espaços secundários, como o sertão nordestino narrado na viagem de Volta Seca ao encontro do grupo de Lampião e as referências a Ilhéus, Aracaju e Rio de Janeiro (esta última, na menção à exposição dos quadros do Professor).
TEMPO
O tempo é impreciso e um pouco extenso, com poucas indicações de fatos históricos.A passagem do tempo se mantém, no geral, em ordem cronológica, com algumas interrupções em flash-backs para o passado de algumas personagens. Mas a estrutura geral das ações é simples e linear, mostrando o início das aventuras dos Capitães da Areia, sua rotina de sobrevivência, o apogeu do grupo com a chegada de Dora e a partida de alguns membros mais velhos, que seguem diferentes caminhos.
A passagem do tempo algumas vezes é marcada por referência a características da natureza como do sol, da lua e do mar.
SÍNTESE DO ENREDO
Primeira parteO autor inicia a obra contando algumas histórias sobre alguns dos principais Capitães da Areia, um grupo de quase cem meninos morando num trapiche abandonado. Esses meninos são ainda muito crianças, possuindo menos de 15 anos. Neste grupo existe a liderança de Pedro Bala, que conta com ajuda de alguns meninos de sua maior confiança, que são o Professor, Gato, João Grande, Sem -pernas, Volta Seca e Pirulito.O clímax da primeira parte vem em dois momentos: quando os meninos se envolvem com um carrossel que chegou à cidade e experimentam com isto sensações infantis, que a maioria deles nunca havia sequer experimentado; e quando a varíola ataca a cidade, matando um um de seus menbros,Almiro,apesar da tentativa do padre José Pedro em ajudá-los.
Segunda parteNesta parte é relatada a história da entrada da menina Dora que após perder seus pais e ficar sozinha com seu irmão mais novo, entra para os Capitães da Areia. Assim ela se torna a primeira menina no grupo. Inicialmente os meninos pensam em estuprá-la, mas com o tempo ela se torna tal qual uma mãe ou irmã para todos. Ela e Pedro Bala se apaixonam e Dora se torna "sua esposa". Ela e Pedro Bala são capturados após um roubo e ele é enviado ao reformatório e ela ao orfanato, sendo muito castigados. Conseguindo fugir, com a ajuda dos meninos bastante enfraquecidos, amam-se pela primeira vez na praia. Logo em seguida Dora que estava ardendo em febre morre.
Terceira parteÉ relatada a separação dos meninos. Sem-Pernas se mata antes de ser capturado pela polícia, que odeia; Professor parte para o Rio de Janeiro onde se torna um pintor de sucesso, entristecido com a morte de Dora; Gato se torna um malandro de verdade e bem sucedido, abandonando sua amante Dalva; Pirulito se torna frade; padre José Pedro finalmente consegue uma paróquia no interior, e vai para o sertão; Volta Seca se torna um cangaceiro do grupo de Lampião e mata mais de 70 soldados antes de ser capturado e condenado; João Grande torna-se marinheiro; Querido-de-Deus continua sua vida de saveirista e capoeirista; Pedro Bala, cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai, sindicalista, vai se envolvendo com os doqueiros e os Capitães da Areia auxiliam nas greves.Pedro Bala abandona a liderança do grupo, mas antes os transforma numa espécie de grupo de choque. Assim, ele deixa de ser o líder dos Capitães da Areia e se torna um líder revolucionário comunista, partindo ao final em um navio.
Pirulito- menino magro, alto e com aspecto frágil. Único apegado a Deus e aos santos, por isso procura evitar participar de certos atos cometidos pelo grupo. Ao final da narrativa torna-se frade com a ajuda do padre José Pedro.
João Grande- negro grande e forte, de bom coração,entrou aos 9 anos para os Capitães da Areia. É muito próximo a Pedro Bala e ao Professor.
Volta Seca- afilhado de Lampião, odiava as autoridades e desejava se tornar cangaceiro com seu padrinho. Ao final da narrativa ele se junta a Lampião se tornando um dos mais cruéis e temidos cangaceiros. É preso e julgado por algumas mortes.
Dora- Com aproximadamente 14 anos, após a morte dos pais entra para os Capitães de Areia levando consigo seu irmão mais novo. Loira, bonita, dócil, com o corpo se transformando em mulher, acaba despertando o desejo de muitos meninos. Mas após um tempo se torna a figura materna para eles. Pedro Bala se apaixona por ela, e também o professor, mas ela se torna "noiva" de Pedro Bala. Morre antes do final da narrativa.
Padre José Pedro- religioso que se aproxima dos meninos no intuito de ajudá-los e tirá-los desta vida. Desta forma contraria muitas vezes as leis e a moral estabelecidas pela sociedade e pela igreja.
Don'Aninha- mãe de santo, amiga e protetora dos Capitães.
João Adão- estivador negro e forte, antigo grevista, era amigo do pai de Pedro Bala. Possui bastante influência nas reflexões e decisões de Bala.
Querido-de-Deus- capoeirista e saveirista, amigo dos Capitães.
Dalva-prostituta e amante de gato.
Continuação dos principais personagens
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
As Personagens Principais em Capitães da Areia
PEDRO BALA – Líder dos Grupo. Possui cabelo loiro e uma cicatriz no rosto, fruto da luta em que venceu o antigo líder do bando. Orgulhoso em saber que seu pai, o Loiro, era estivador e lider grevista.